segunda-feira, julho 31, 2006



"Deus dos delicados, não me abandone nessa
guerra insana.
Minha máquina de ser beira a
pane enquanto o veludo da voz de Billie lambe
as paredes do lusco-fusco.
Abençoe, senhor, tudo que dói em nós, indispensável.
As tardes despenteadas em Grumari,
as lágrimas do homem que me amou e nunca disse,
o negro agonizante sob o sol narcísico de Ipanema,
as crianças que tão cedo me deixaram farta de lágrimas e leite,
o eco esquivo de Frederico, sinais de musgo.
Abençoe as escarpas da minha vida enquanto desenterro estas palavras ?
o carmim destas palavras ? com as lascas afiadas da dor.
Sonho piscinas, atraída pelas labaredas.
Preciso dormir bem dentro das suas asas enormes, pai. "
( prece de um dia quase igual a todos - ledusha ).

domingo, julho 30, 2006

vou deitar. dormir. em segurança. aqui não existem bombas. não existem mísseis. meus filhos estão dormindo. alimentados. seguros. do outro lado do oceano, mães só possuem o próprio corpo para protejer seus filhos. do outro lado do oceano, mães estão em vigília. do outro lado do oceano...vou deitar e rezar para minha mãe maria ter piedade desta gente. tornar invisíveis mais crianças. vou me deitar e rezar. por todas as mães do líbano. eu vou rezar.

" e seu ódio será perfeito
como um diamante brilhante
como uma faca
como uma montanha
como um tigre
como cicuta"
( a índole da multidão - charles bukowski )




olha aqui: estou chorando. não por amor. ou por alegria. estou chorando de tristeza, raiva , decepção e nojo. o ser humano é nojento. covarde. cruel. acabei de ler a respeito do último ataque israelita...a civis. inocentes. trinta e sete crianças foram assassinadas. assassinadas.
nunca pensei na minha vida que um dia sentiria tanta raiva de israel como agora. sou absolutamente ignorante em relação a estes assuntos do oriente médio. tudo o que sei é o que vejo. isto mesmo. e só vejo gente morta. assassinada. assim como foram assassinados judeus em nome sabe-se lá de que. porque estão assassinando agora mesmo? por pedaços de terra. mais perto do oceano ou coisa parecida. sou ignorante. ignoro. mas não sou burra. não ao ponto de concordar com tudo isto. crianças sem chance de se defender.... seja lá como eles chamem toda esta porcaria: QUE SE FODAM ESTES DONOS DO PODER ESCONDIDOS ATRÁS DAS SUAS ESCRIVANINHAS! que nojo!

emily

eles se denominam hezbollah : " partido de deus ". meu deus!

sábado, julho 29, 2006

as fotos três por quatro nos aprisionam. ali seremos sempre. pra sempre. a mesma pessoa.



people like us - avila, 2004

andrea. minha amiga dos tempos no sion. um dia foi para brasilia e eu fiquei. nos falávamos por carta e a chegada do correio era uma alegria. um dia o correio parou de chegar. para nós duas. foi a vida. ela viajou o mundo. fotografou. experimentou. eu fiquei aqui. experimentei. pari. nos re-encontramos agora. aos 43. cada uma do seu lado, perguntando intimamente se ainda há tempo. acredito que sim. como quando usávamos saia plissada azul nas galerias do sion. sim, ainda há tempo para mim e para a criatura que criou people like us nas ruas de avila.


sim. continuo sonhando com a minha livraria. pequena. aconchegante. e com um bom café. continuo sonhando.

Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês.
Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.
Só proponho
alimentar seu tédio.
Para tanto, exponho
a minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos à minha contemplação:
Adoro, sei lá por que,
esse olhar
meio escudo
que em vez de meu álcool forte pede água Perrier.
( água perrier - antônio cícero ).

o dia hoje amanheceu assim: inverno. verso de antônio cícero cantado por adriana calcanhoto. para mim falta a bicicleta e o calçadão.

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em um cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
( guardar - antônio cícero )
(* antônio cícero é irmão de marina lima. e é, na minha opinião um dos melhores poetas de uma geração. inteligente. sensível. brilhante.)

sexta-feira, julho 28, 2006

final de tarde assim: filhos brincando no jardim, céu ainda azul e um sol fininho e frio. veranico em julho. e eu, sentadinha aqui, assistindo ginger e fred dançando. sabe o que é isto? prazer.

ouvindo renato russo cantar cherish.

quando eu era garota queria ter um quarto com as paredes cobertas de nuvens. ele era assim. todo azul. mas sem nuvens.

hoje pela primeira vez, soltei pipa. amarela e azul. deve ser assim que deus se sente. soltando pipa. com a gente.

" feminista sábado domingo segunda terça quarta quinta e na sexta lobiswoman."
( de leve - ledusha, 1984 ).

pietra 'pippin'

hoje é sexta-feira. e está sol. meus filhos acordaram e beijaram meu rosto. chocolate quente desenho animado e amor. hoje é sexta feira. estou respirando. estou escutando as canções. estou olhando o céu azul de brigadeiro de inverno. estou sentindo. estou viva. estou vivendo. cada tudo da minha vida. meus filhos estão acordados. fazendo seus barulhinhos pela casa inteira. vou viver meu dia. único. nunca mais viverei outro igual a este. bom dia dia.


quinta-feira, julho 27, 2006

que dia estranho. que horas estranhas. amanheceu.acordei. anoiteceu. tudo asssim. num piscar de olhos. e amanhã já está chegando. eu hein, que dia estranho. que horas estranhas.ainda bem que está acabando.

" foi ele (cazuza) quem me deu coragem de cantar do meu jeito, sem técnica, berrando e chorando . " esperta a garota, foi exatamente isto que ela fez. naquele show furreca. num palco de quinta no posto zero da avenida atlântica, no leme, bem perto da minha casa. cantava assim mesmo. coçava o saco imaginário. maravilhosa. uma deusa. ella. cassia eller.


a outra. cassia eller. a primeira vez que a vi. amor a primeira vista.


1985. este era um dos lugares onde rolavam shows de bandas do novo "rock" nacional. numa noite, durante a semana me telefonam convidando pra assistir uma banda nova que vinha de brasília. fui. esperando o nada. noite vazia porque era uma quarta-feira e fazia muito frio. nossa como lembro desta noite. colada no palco eles começam a tocar. sinceramente não lembro de mais nada a não ser dele. colado. pendurado no microfone. casaco beige surrado e aqueles óculos com as lentes coladas nos olhos. figura estranha balançando os braços como um boneco descontrolado nas mãos de uma criança. e uma voz. uau que voz. e as letras. uau uau. sentei no palco aos pés dele. porque naquela noite só havia ele. suas músicas. seu casaco velho. seus pulsos com cicatrizes. e aquele vozeirão que tomava tudo. no final descobri quem era ele com direito a ficha completa. era renato russo. e ninguém ali sabia que o melhor ainda estava por vir. e veio. em cheio.


" hoje não dá

hoje não dá

está um dia tão bonito lá fora

e eu quero brincar

mas hoje não dá

hoje não dá

vou consertar minha asa quebrada

e descansar.

...

quero voar p'ra bem longe mas hoje não dá

não sei o que pensar e nem o que dizer

só nos sobrou do amor

a falta que ficou."

( os anjos - renato russo ).

este é outro. renato russo. desde a primeira vez que o vi. amei.

foi lendo a mônica dia destes que me lembrei dele. e do quanto eu gostava e ainda gosto.
de como este homem me acompanhou durante anos. quantas madrugadas. quanta coisa. a primeira vez que vi cazuza foi no morro da urca. devia ser 1982, por aí. quando cheguei o barão vermelho já estava no palco e parei exatamente aonde estava. lá em cima bem em frente ao palco. me perdi dos meus amigos. porque era tudo diferente. um cara do meu lado comentava " ah"! este cara come o guitarrista. olha como se roça nele..." o cara era o cazuza e o guitarrista era o frejat. era diferente. se comportava diferente. cantava diferente. as letras eram diferentes. foi naquela noite assistindo ao cazuza chapado e cantando aos berros que me apaixonei por ele. as letras. o comportamento. e desde aquela noite assisti a quase todas as apresentações que ele fazia. morro da urca, circo voador, parque lage...o último show no canecão. final dos tempos. de um tempo que não pára. jamais.

" deus me deu um coração que ama
alguma tristeza
destreza e champagne
quanta gentileza! "
( gentileza e champagne _ cazuza).

desde a primeira vez que vi cazuza. no morro da urca. eu o amei.

sei lá quantas vezes assisti hair acho que pelo menos umas oito. lá no leblon 1. um dos filmes da minha vida. e não houve uma vez sequer que não tenha sentido a vontade de sair pulando nas poltronas do cinema, ou virar hippie. mas já era início da década de oitenta. tempos mudados. e o máximo que eu conseguiria era ser uma hippie de boutique de ipanema. mas algo mudou em mim depois deste filme. e até hoje, ao escutar esta música, sinto uma vontade incontrolável de sair cantando e dançando. pena que não possa ser no central park. pena que não possa ser com a twyla tharp... mas a vontade permanece exatamente igual como nos meu dezoito anos. lá no leblon 1.

cazuza
"como é estranha a natureza
morta dos que não tem dor
como é estéril a certeza
de quem vive sem amor, sem amor."
( completamente blue - cazuza ).


quarta-feira, julho 26, 2006



ele canta " eu não existo sem você." eu choro só um pouquinho. não de tristeza. mas de emoção. como pode deus do céu, ter havido alguém como este homem. ele sempre ele. tom.

( clique. escute. veja. emoção.)

ontem novamente chorei baldes assistindo a novela das oito . simplesmente porque ela narra a minha vida. um dia a vinte anos atrás engravidei. solteira. com um relacionamento de dois anos. faculdade de comuniocação na puc, trabalho na barra. engravidei. e me descobri sozinha naquela situação. tira não tira. eu quero. você não. o mais engraçado é que sempre vem aquela sensação de que a última palavra precisa e deve ser a do homem. não importa o que você deseja. não importa você. nesta batalha de egoísmos eu venci. e mantive a minha gravidez. minha mãe ao contrário da mãe na novela me acolheu. assustada mas acolheu. meu pai ao contrário do pai na novela, agiu exatamente como a mãe na novela. dois cheques em branco sobre a mesa. e logo depois o veredito " me esqueça. você não é mais minha filha." de tantas novelas que já assisti esta tem sido sem dúvida a que mais se aproxima do nosso dia a dia mortal. a mulher grávida que sente tesão e o marido que prefere "poupá-la". durante as minhas duas últimas gestações transei normalmente até quase o oitavo mês. depois, realmente não dá mesmo. pura questão física. barriga grande, não encontra-se posição. mas, muitas amigas se queixavam que os maridos praticamente as esqueceram a partir do quarto mês. algumas mesmo depois do período de resguardo, continuavam se queixando. uma grande amiga certa vez me disse que seu marido não beijava mais seus seios porque " são do nosso filho". sim, existem mulheres que gostam mesmo de sexo. que gostam de fazer sexo. que gostam de sentir prazer. e é sobre isto que seu manuel está falando. não está falando de fazer sacanagem. está falando sobre o desejo feminino. das que são saudáveis. que buscam felicidade. amor e porque não sexo?
***
sim, existem mães más. existem mães loucas. mamãe não precisa ser obrigatoriamente boazinha. muitas não são.
durma-se com um barulho destes.
***
a personagem da winnits está absolutamente fora de tudo.
***
a personagem da natália do valle está mil vezes a frente da personagem da regina duarte. até agora não entendi qual é a mensagem da helena.
***
então tá. a nanda vai morrer atropelada. bem melhor que morrer no parto.


mãe e filha. libanesas. mulheres. sangrando.

" o dia se arrasta contra a luz imóvel de outono
no quarto em desordem
sempre busco pela casa algo que não sei o que é
mas sei que sobra
dele."
( ledusha - 1983 )

terça-feira, julho 25, 2006


sabe gente boa. boa no sentido amplo da palavra? estão aí na minha casa: taia e marcelo. gente fina. finíssima!

nossa traineira azul...toc toc toc...nas águas da tartaruga...toc toc toc...

campanha da mtv para as eleições 2006 : nooooossa! sabe tudo aquilo que você sente vontade de fazer e dizer? é isso.

"...
then sits
back, fat jug
contemplating a world clear as water.
a red
shred in his little fist. "
ballon - sylvia plath
( clique no ballon! )



( bergere coucheé - berthe morisot ).

I
" Time present and time past
Are both perhaps present in time future,
And time future contained in time past.
If all time is eternally present
All time is unredeemable.
What might have been is an abstraction
Remaining a perpetual possibility
Only in a world of speculation.
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
Footfalls echo in the memory
Down the passage which we did not take
Towards the door we never opened
Into the rose-garden.
My words echoThus,
in your mind
..."
( buirnt norton, n.1 de 'four quartets' - t.s. eliot )

segunda-feira, julho 24, 2006

não é que o amor seja lindo tralalala... também é. mas é que hoje aconteceu uma coisa tão pequetita e ao mesmo tempo tão especial. ele gosta de ventilador. eu detesto. mas ele precisa muito senão, não dorme. e eu estava na madrugada cheia de frio coberta apenas com o lençol. ele levantou pra ir ao banheiro. pegou o edredon e me cobriu todinha. sabe como é? tipo mãe quando envolve o cobertor todinho na gente tipo sanduíche. e eu fingindo que estava dormindo porque tudo aquilo estava muito bom. então acordamos bem cedinho e eu olhei para ele. que já está tão diferente das fotos dos '80 e pensei uau! como eu amo este cara. e pensei em todos os infernos e céus por onde já passamos. e na nossa traineira azul de búzios fazendo toc toc toc... e....me perdi no meu pensamento....


ele. início da maravilhosa década de oitenta. onde éramos felizes e não sabíamos. praia. ele passava. eu olhava. meu anjo da guarda dizia e prevenia. é seu. coração disparava. mas não agora. espera. coração desacelerava. e, como nunca discuto com meu anjo esperei pelo que é meu. sempre soube. sempre sei. mesmo quando sinto vontade de bater a porta e ir embora. sei que assim é. como está. ele e eu. porque meu anjo da guarda me disse. naquele dia de sol num verão lá na década de oitenta. e assim é. como meu anjo da guarda disse.

" my mouth blooms like a cut.
i've been wronged all year, tedious
nights, nothing but rough elbows in them
and delicate boxes of kleenex calling crybaby
crybaby, you fool!
... "
( kisses - anne sexton )

clarice lispector tinha um cachorro chamado ulisses.

então tá. a vera me ajudou. a mary w. me ajudou. sou uma anta mesmo. estou a dias tentando postar meus videos prediletos do you tube. não consigo. ou quando consigo embola todo o meio de campo aqui. santo you tube que me dá tudo o que eu peço. só não me ajuda a colocar meus videos . isso que dá ser tão dinossaura assim.

trilha sonora para início de tarde: everything but the girl.

ele. década de oitenta. alfaces. jardim botânico. lá se vão vinte e poucos anos. hoje. agora. apesar do dia a dia. apesar de tanta coisa. continuamos juntos. tocando nossa traineira azul. vamos. juntos. amore.



a-m-i-g-o-s. amigo , amigo mesmo é aquele que, mesmo afastado a muito muito tempo permanece perto. pra sempre.
a menina da foto é minha amiga gisela. quando a conheci era minha vizinha de prédio. sempre nos encontrávamos de manhã bem cedo no ponto de ônibus em frente à fiorentina. ela usava um casacão azul claro de moleton americano e tinha ( ainda tem ) uma cara de gringa daquelas. cara de gente fina em todos os sentidos. nos conhecemos. nos tornamos amigas. trabalhamos juntas. dividimos um monte de momentos. até que um dia ela vendeu a moto trancou a faculdade e se mandou pros states só com o yes e o no na bagagem. mandava postais. quando dava vinha pro rio, fazia maria-chiquinhas na mariana...tênis de peixinho estas coisas de tia. ela continua lá, pra lá da golden gate...casada, três filhos e voando para o japão pela aa...nos falamos ontem depois de muito tempo. mas como o tempo é para os tolos, nos falamos ontem depois de uma semana... hi! gi.

hoje de madrugada todo mundo apareceu mamãe, papai, vovó. e o resto da famíla que continua na área. sonhar é bom...nas curvas da estrada, solidão que nada...já cantava cazuza. sonhar é bom mesmo. e eu tenho muito com o que sonhar.

trilha sonora para esta manhã. linda: bebel gilberto e um pouco de george michael.



( óleo sobre tela de : berthe marie pauline morisot )

domingo, julho 23, 2006

chiclete em tirinhas adam's. sabor morango. uau!






a-m-i-g-o-s

trilha sonora para o início desta tarde: eros ramazzoti.


álbum de fotos. verão 82/83. eu e ele. forever young.



camiseta herança do papai.

quando você escuta a palavra arte. pensa em que?
( ismael nery - nu feminino - desenho à lápis ).

cada um dá exatamente aquilo que tem para dar. simples assim.

domingo pé de cachimbo. ( eu sei marina, é pede cachimbo. mas não tem jeito... sempre imagino um pé de cachimbo!)... hoje é domingo pé de cachimbo.

09:10 - não me lembro de ter acontecido isto antes. não lembro do sonho. mas lembro que tocava going to california. angels!

sábado, julho 22, 2006

leme clássico. provavelmente muito cedo. maresia e brisa fresca da manhã. meu leme clássico.
( foto "roubada" do amigo de sempre juan c. rodriguez ).

sylvia plath nasceu em 17 de outubro de 1932 às 14:30 min. libra com ascendente em libra.



então mariana acaba de chegar em casa e me faz muito feliz. tira da bolsa de praia o meu programa desta noite de sábado: " le fabuleux destin d'amèlie poulain" ou simplesmente "amèlie" de jean pierre jeunet com, a no mínimo fofa audrey tautou. nossa, que as alegrias da vida acontecem assim. num estalar de dedos.

crianças dormindo. trilha sonora da tarde: lighthouse family.

"E as lágrimas que choro,
branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!"
( lágrimas ocultas - florbela espanca )

trilha sonora para esta manhã: cat power.





não importa se é paris, leblon ou bologna. o que importa é a sutileza das coisas das vida. é olhar e procurar o lado bonito do viver. como faz mariana newlands que está aqui colocando sua sutileza no mundo.

o que você pensa quando escuta a palavra sutileza?

existem coisas que são o ó do borogodó. tipo homem quarentão quase cinquentão de cabelo pintado com tintura wellaton. mulheres over over e decadências em geral. alguns lugares são decadentes e mesmo assim eu adoro. adoro na realidade a minha memória afetiva. porque se for observar é decadência demais . gosto mesmo das coisas limpas. tem gente que fala clean. eu prefiro limpa. tem gente que faz ibope com a decadência. eu prefiro olhar para tudo aquilo que pode parecer antigo, mas que permanece limpo. inteiro. não gosto de "underground". nunca tive talento para ratazana. sempre gostei do sol. de ser quem sou. não precisar me esconder atrás de máscaras. sempre fui transparente. até na pele. sou quem eu sou. assumo meus atos e minhas palavras. digo o que penso. e se errar sei voltar atrás e pedir desculpa. não piso no pescoço de ninguém. mas não ofereço o outro lado da minha face para bater. bateu levou. não gosto de gente coitadinha. não sou boazinha. não gosto de "machões". não gosto de "mulherzinha". não gosto de "bichinha". não gosto de "gentinha". não gosto de clones de fausto fawcett também. aliás, por onde será que anda o fausto fawcett? na última vez que o vi, estava passando de carro pela prado júnior, indo pra casa no leme. ele estava num daqueles botecos...era cedo e ele bebia alguma coisa. é um troço esta vida. quem nasceu pra fausto fawcett nunca chegará a tom jobim. e a caravana passa e os cães ladram...

sexta-feira, julho 21, 2006

novela do seu manuel. chorei baldes. tarcisio meira e gloria menezes em cena de adeus. nooossa.
***
tarcisio meira. tarcisio meira. tarcisio meira. o que é tarcisio meira.
***
por favor me acudam. digam que houve edição no momento em que fecharam aquele caixão. que isso, requinte nos detalhes.
***
cena de morte, missa de corpo presente e enterro. deve dar ibope. só pode ser.
***
ninguém escreve cenas de elevador melhor que seu manuel.
***
vem cá, você entra no supermercado, pega o carrinho, daqueles maiores. encontra a vizinha. tudo bem. mas caminham como se não houvesse amanhã pelos corredores e colocam exatamente dois pacotinhos de biscoito...
***
tudo bem que o assunto da anorexia vai girar em torno da menina bailarina escrava da mãe. mas me pergunto se as cenas aonde ela provoca vômito não pode dar idéias...ou não. sei não.
***
não existe homem mais bonito que tarcisio meira na televisão. mesmo aos 70. ele sempre será um irmão coragem pra mim.



" i love people. everybody. i love them. i think, as a stamp collector loves his collection. every story, every incident, every hit of conversation is raw material for me. my love's not impersonal yet not wholly subjective either. i would like to be everyone, a cripple, a dying man, a whore, and then come back to write about my thoughts, my emotions, as that person. but i am not omniscent. i have to live my life, and it is the only one i'll ever have. and you cannot regard your own life with objective curiosity all the time..."

( the unabridged journals of sylvia plath, pag. 09 .)

17:56 - e no final do meu lanche familiar eu concluo: ei vidinha mais ou menos! mas boa demais.

17:15- voltando da padaria. pão quente. mortadela. queijo e presunto. coca-cola. deveriam inventar a coca-cola 3 litros. adoro padaria. tipo adoro padaria, papelaria, banca de jornal e quitanda. aqui ainda consigo encontrar umas quitandas. florista também eu gosto. gosto de me sentir perdida diante de tantas coisas boas. gosto de pequenos prazeres. que me alegram muito.

04:48 - e eu nem almocei ainda. estou faminta mas com uma preguiça imensa de levantar e preparar alguma coisa para comer. queria poder me alimentar de luz. mas a vontade mesmo é de comer uma pizza de tomate e cebola com muita coca-cola. falta muito para me tornar um ser superior. acabei de ver o último capítulo de ' a viagem'. assisti a primeira versão, a primeira exibição da segunda versão e todos os 'vale a pena ver de novo'...e sempre choro e me comovo. agora mais ainda porque minha vó, mãe, pai e grande amiga estão lá...no 'nosso lar' ou seja lá qual for o nome. e a dinah encontrou a mãe. chorei baldes. porque queria tanto re-encontrar minha mãe. queria tanto chamar 'mãe!' e encontrar ela no quarto do final do corredor.
***
as crianças estão brincando lá fora. mariana está no ensaio da banda do namorado. e o victor agora está me gritando... 'mãe!!!' e estou indo...
***



" A woman who writes feels too much,
those trances and portents!
As if cycles and children and islandsweren't enough;
as if mourners and gossips
and vegetables were never enough.
She thinks she can warn the stars.
A writer is essentially a spy.
Dear love, I am that girl.
... "
( the black art - anne sexton )
( p.s.: certa vez deixei anotado que, muitas vezes posto estes poemas no original porque realmente são maravilhosos assim, no original. não se ofendam ou pensem que desejo ser esnobe ou qualquer coisa assim. mas, de mim vem um toque: se você não sabe inglês ou qualquer outro idioma, não se faça de regado passe a mão num dicionário! foi assim que aprendi 70% do que sei...ah! a curiosidade...é ela que faz o mundo girar....)

sabe quando levamos um tombo de bicicleta e ficamos com a palma da mão ralada e a toda hora aquele machucado lateja? incomoda? pois é exatamente assim que estou me sentindo hoje. arranhada, machucada por dentro.
***
ainda não inventaram band-aid líquido. especial para ferimentos internos.
***
qual é a graça que as pessoas encontram em pegar sempre alguém pra cristo? desde a época de cristo...

"...
nunca se apoderou de ti, um amargor sutil
vendo animais amestrados
e logo depois te mostrarem
seres humanos imitando um réptil?
... "
( a poesia se esfrega nos seres e nas cousas - adalgisa nery )

Tu tens um medo:Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
( cecília meireles )

" pés para que os quero
se tenho asas para voar."
( frida khalo - 1953 )

09:54- estou pronta para sair. vou caminhar na praia. deitar na areia e tomar sol. como as plantas. quero lagartear.
vou tomar banho de mar. bastante sal e iôdo para lavar todo o enxofre do dia a dia cruel. vou beber muita água para lavar meu corpo por dentro. depois vou voltar pra casa. leve com certeza. porque esperam por mim. eu tenho para onde voltar. eu tenho para quem voltar. isto é a preciosidade da minha vida. uma vida comum. exatamente igual a de milhares de pessoas neste planeta. mas aqui, a minha casa é meu castelo. aqui sou realmente uma rainha. sem súditos. mas uma rainha. aqui tenho meu espaço e minhas pequenas coisas. nada valioso. não possuo obras de arte ou jóias. não acumulo valores. acumulo vidas dentro da vida. gosto das coisas simples e limpas. não sou cor-de-rosa. mas também não sou preto. sou talvez flicts. e já nem sei aonde estou porque mais uma vez me perdi nos meus pensamentos. não gosto de coisas toscas. gosto das coisas bonitas da vida. gosto da vida. gosto de limpeza. sob todos os aspectos gosto das coisas limpas e claras. assim como num jardim. vou caminhar na praia.



para isto fomos feitos

para lembrar e ser lembrados

para chorar e fazer chorar

para enterrar os nossos mortos -

por isso temos braços longos para os adeuses

mãos para colher o que foi dado

dedos para cavar a terra.

assim será nossa vida:

uma tarde sempre a esquecer

uma estrela a se apagar na treva

um caminho entre dois túmulos-

por isso precisamos velar

falar baixo, pisar leve, ver

a noite dormir em silêncio.

( poema de natal - vinícius de moraes.)

t.j.

e logo pela manhã escutar passarim, a minha predileta. belo começo de dia suave, tranquilo, limpo.

exatamente como a vida precisa ser. combinando com o lindo dia de inverno que me convida lá fora.


quinta-feira, julho 20, 2006

eu ando sempre em muito boa companhia. sempre.



depois da novela do seu manuel, vou preparar um ovomaltine bem quentinho, sentar no meu canto e escutar joni mitchel que já está preparada para tocar só pra mim...final de noite escutando blue...

A word is dead
A word is dead
When it is said,
Some say.
I say it just
Begins to live
That day.
( a word is dead - emily dickinson )


"...Quando vasculho minha própria mente, não encontro sentimentos nobres sobre sermos companheiras e iguais e influenciarmos o mundo para fins mais elevados. Descubro-me dizendo, breve e prosaicamente, que é muito mais importante se ser o que se é do que qualquer outra coisa. Não sonhem influenciar outras pessoas, eu diria, se soubesse fazê-lo de forma mais brilhante. Pensem nas coisas como são. "
( um teto todo seu - virginia woolf, 1928. )


intratável.
não quero mais pôr poemas no papel
nem dar a conhecer minha ternura.
faço ar de dura,
muito sóbria e dura,
não pergunto
...
é inútil
ficar à escuta
ou manobrar a lupa
da adivinhação.
...
( cabeceira - ana cristina cesar )