domingo, agosto 31, 2008

" o que pode alguém fazer quando tem trinta anos e, virando a esquina de repente, é tomado por um sentimento de absoluta felicidade - felicidade absoluta! - como se tivesse engolido um brilhante pedaço daquele sol da tardinha e ele estivesse queimando o peito, irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do corpo, para cada ponta de dedo? não há meio de expressar isso sem parecer " bêbado e desvairado"? ... para que termos um corpo, se somos obrigados a mantê-lo encerrado em uma caixa, como se fosse um violino raro, muito raro? " bliss - katherine mansfield, agosto de 1918
" atirei bliss ao chão com a exclamação: ' está acabada! ' realmente não vejo que fé nela, como mulher ou como escritora, haverá de sobreviver depois de um conto desse. acho que terei de aceitar o fato de que sua inteligência é uma fina camada de terra, de um ou dois centímetros de espessura sobre rocha muito estéril. pois bliss é bastante longo para lhe dar oportunidade de ir mais fundo " - diário de virginia woolf , 7 de agosto de 1918.
" um gato cinzento, arrastando-se de barriga, esgueirava-se através do gramado, e um gato preto, como se fora sua sombra, ia logo atrás. ela tremeu, curiosamente, ao vê-los tão atentos e rápidos. " bliss - katherine mansfield.
" ... ela se contenta com uma argúcia superficial; e a concepção, como um todo, é pobre, fácil, não a visão, ainda imperfeita, de uma cabeça interessante. " diário de virginia woolf, 7 de agosto de 1918.
"enquanto pensava, ela se via conversando e rindo. a vontade de rir fazia-a conversar. eu preciso rir ou morrer. " bliss - k. m.
" e escreve mal também. e o resultado foi, como eu disse, que fiquei com a impressão de que ela é um ser humano insensível e duro. vou lê-lo de novo; mas acho que não vou mudar de opinião." diário de virginia woolf.

clintons.

sexta-feira, agosto 29, 2008

e no início tudo é sonhar.

nunca matei nada na minha vida. mentira. já matei barata. mas só as pequenininhas. de resto nunca matei nada mesmo. mentira. matei aula. mas aula não vale. vale? outro dia estava pensando no que é preciso para se matar alguma coisa que te atrapalha muito. bastante. é preciso coragem. ou susto. não consigo parar de pensar no medo que me dá quando penso em sair daqui pra ir ali mas o ali é longe o suficiente para não poder ir de carro ou trem ou ônibus. restando o avião. eu quero ir a são paulo. não vou por causa do meu medo de avião. porque avião não voa se desloca. se voasse nada o faria cair ou bater ou qualquer outra coisa. eu não sei. não sei. foi assim que eu pensei em matar meu medo num misto de susto e coragem. chegar no santos dummont comprar uma passagem bate -volta. ir cantarolando na janelinha. pensando nas centenas de vezes que meu avô subiu e desceu ali no teco-teco dele encantado. sei lá. no dia em que eu matar meu medo. compro espaço no jornal. vai estar lá escrito: "mulher assassina o medo no santos dummont." e todo mundo se perguntará? o medo? quem será que era esse medo coitado, assassinado. blá.

não existe um método. as coisas simplesmente são. a vida acontece. sempre. não tem jeito.

sim. me sinto frustrada e irritada e, algumas vezes invejosa. porque vivo nessa prisão mental que não me deixa soltar as idéias que estão guardadas em mim. elas ficam rolando e batendo nas paredes forçando a porta como um gato preso na cozinha. trancadas. não tenho método. não sei como começar. ser aquilo que quero ser e não conseguir. prisão perpétua.

" sim. sou 20 pessoas.
mas de fora a gente vê a unidade."
virginia woolf, diário - sexta feira 29 de abril 1921

wind through northern sky

domingo, agosto 24, 2008

acordei tranquila. durante o dia meu coração foi disparando. agora estou irritada. my ever changin' moods.

sábado, agosto 16, 2008


madonna. fifty.

determinação.

"cara, você viu o que eu fiz? fui lá e ganhei por um centésimo. você vai ganhar por um centésimo ou vai perder por um centésimo? então vai lá e bate na parede". de phelps para cielo. sacou?

sexta-feira, agosto 15, 2008

hoje é dia de Nossa Senhora da Assunção. hoje, é o dia em que Maria entrou no Céu. hoje é o dia das mil Ave-Marias. sendo assim: "Ave Maria! Cheia de graça o Senhor É Convosco Bendito É O Fruto Do Vosso Ventre Jesus Santa Maria Mãe De Deus Rogai Por Nós Pecadores Agora E Na Hora Da Nossa Morte Amém." A Rainha. Minha Rainha, Minha Mãe, Maria.

" ser a décima melhor das olimpíadas é muito bom. estou feliz, apesar dos erros. treinei quatro anos para isso. acho que isso valeu a pena."
jade barbosa.

born to be losers.

quinta-feira, agosto 14, 2008

aquário com ascendente em capricórnio e lua em libra. esta sou eu. está explicado.

é china china china. certo. quer saber? não quero saber. quando eu assisto aquilo tudo sei que é tudo de mentira. tudo. tudo fake. como a bolsa louis vuitton que a garota tenta me empurrar sempre e sempre. não compro. acho coisas fake totalmente cafona.

quarta-feira, agosto 13, 2008

eu escuto seu jorge o dia inteiro. viajo mundo afora no canal travel alguma coisa. uma coisa não tem nada a ver com a outra. clarice, a gata não desgruda de mim. adoro, claro. sem assunto. com todos os assuntos. vou tentar dormir. amanhã é um novo dia. scarlett.

dor de cabeça. carne moída.

quando tudo acaba. para onde vai o tudo que acabou?

domingo, agosto 03, 2008

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história tua verdade fazendo escola e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim agora é assim de um lado a poesia, o verbo, a saudade do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo, incerto, depende de como você vê o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar/Vou me lembrar de você "
( o teatro mágico )
( p.s.: aperta o play lá no nome da canção e escuta. )

sexta-feira. sexta de uma semana cansada. teve de tudo um pouco. nos 45 do segundo tempo mariana me chama para assistir a um espetáculo de uma galera que, segundo ela está bombando na internet. que é muito, muito bom. ok. mesmo exausta, depois de ter acordado às seis, enfrentado um fórum por quase duas horas, viajem bate-volta ao rio, engarrafamento de duas horas na perimetral, fui. vamos ver se esse tal teatro mágico é mesmo mágico. sou uma mulher muito cética atualmente. será que cética é a palavra certa? deixa pra lá. chegamos faltando 5 minutos pra começar e, quando entrei na sala, surpresa! teatro lotado. lotado tipo gente em pé aonde ainda havia espaço. eles atrasaram. fiquei irritada. não gostei. começou. olha aqui, me entra em cena um cara todo, todo vestido. travestido. montado. não sei explicar o que. não era fantasiado. ele estava ... reticências. despeja um texto lindo. mas o faz rápido demais. se desse apertava replay pra assimilar o que ele falou. precisa ser mais devagar. tudo bem. eles começam com a música. o negócio começa a tomar jeito. na metade da primeira canção eu já estava batendo palmas, levantando os braços. você naõ está entendendo. primeiro que, o vocalista guitarrista poeta é uma persona. um caso totalmente à parte nesta história toda. quando você olha para ele e sua roupa e seu rosto pintado você sabe de cara que não, não é um palhaço. não. não é um clown. não. é uma persona. tipo, ele pegou o que tem dentro dele coloriu, colocou pra fora. sacou? deu naquilo. uma figura que me remeteu à minha infância e meus livros de estórias e meus decalques e meus livros para colorir. um boneco. um boneco falante em forma de gente. pra completar ele conta que, tudo ali começou depois de uma leitura de herman hesse. aí eu: uau uau uau. você sabe o que é isso? eu sei. cantou mais. com um sotaque de nortista que torna tudo muito mais poético e forte. porque será que eu acho que poesia com sotaque nortista é mais envolvente, forte? sangue de pernambuco nas veias babe. tem todo o resto. que não é resto é o todo. tudo é lindo. a bailarina que é acrobata e se enrola e desenrola naqueles tecidos pendurados no teto e naõ tem medo de cair porque boneca de pano não quebra nem machuca. menina linda. tem também o rapaz que fica ali fazendo mímicas e acompanhando as canções com seus gestos grandes e delicados. o cara do baixo com seus dreadlocks que na contra luz o transformam na silhueta mais linda. teatro lotado. o vocalista tem o poder. tipo do cara que tem o dom. a palavra é bolinha de gude que ele rola nos dedos do jeito que quizer. e ganha. ganhou minhas lágrimas. várias vezes durante aquelas duas horas. elas pulavam dos meus olhos pra dançar. eu, aos 45 estava lá no auge dos meus 20. aos 20 me apaixonaria por ele. só não se apaixona quem já morreu e não sabe. acabou. dava pra recomeçar e tenho certeza que todos ficariam ali até o sol nascer porque festa boa é assim mesmo. mariana me levou pro foyeur do teatro. lá fora a mesma coisa: lotado. um grupo de meninas com o rosto pintado como o grupo esperavam por eles. mariana encontrou um espaço na escada caracol, sentamos e ficamos assistindo a um outro espetáculo: o sucesso deles. lentamente foi surgindo um por um ... não consigo deixar de olhar para eles como bonecos. daqueles que você tem o maior cuidado porque são raros então você deixa ali na prateleira o dia todo para olhar e à noite quando vai dormir, a última imagem que fica nos seus olhos são os bonecos raros na sua prateleira, sabe lá deus o que eles fazem enquanto você dorme. ok. viajei. muitos minutos depois sai ele, o cara. ele se chama fernando. avançam no fernando. foto foto foto foto foto. mariana chama, ele não escuta. coitado. ela chama chama chama. ela chama com a câmera acoplada aos olhos. ele olha pra ela e estende as mãos para mim. lá estão os olhos do fernando. claros. transparentes. digo simplesmente que há vinte anos não via nada como aquilo. os olhos dele se acendem. missão cumprida para mariana. presente dado e recebido por mim. voltei para casa com tudo aquilo guardado. ficou a imagem dos olhos do fernando. duas contas de vidro transparentes. como no livro de hesse, o jogo das contas de vidro que fernando chama para jogar. let's play!

o teatro mágico

" still searching after all these years ... "
simon/garfunkel

sábado, agosto 02, 2008

de repente, como num daqueles sustos descobri que ainda há inocência no mundo. depois eu explico.

"Quarta-feira, 30 de Julho de 2008

comentário sobre comentário:
Eu me rendo a tudo e resisto o tempo todo, dear, porque essa é a natureza de quem não tem muita paz de espírito.
é como aquela vontade de sempre de se atirar nas pedras pra sentir as pedras.
quando eu escrevia porque amava eu disse que minha fragilidade é de pedra,
que eu sou eu mesma em pedaços, uma multidão de solilóquios.
from juliana m. "
olha bem, este texto é desta pessoa chamada juliana que escreve neste blog:
http://depoisdaqueda.blogspot.com/ - after de fall. dica da mary w. a professora dos meus sonhos. a garota escreve que escreve. um troço. vai lá. agora. correndo.