segunda-feira, julho 31, 2006



"Deus dos delicados, não me abandone nessa
guerra insana.
Minha máquina de ser beira a
pane enquanto o veludo da voz de Billie lambe
as paredes do lusco-fusco.
Abençoe, senhor, tudo que dói em nós, indispensável.
As tardes despenteadas em Grumari,
as lágrimas do homem que me amou e nunca disse,
o negro agonizante sob o sol narcísico de Ipanema,
as crianças que tão cedo me deixaram farta de lágrimas e leite,
o eco esquivo de Frederico, sinais de musgo.
Abençoe as escarpas da minha vida enquanto desenterro estas palavras ?
o carmim destas palavras ? com as lascas afiadas da dor.
Sonho piscinas, atraída pelas labaredas.
Preciso dormir bem dentro das suas asas enormes, pai. "
( prece de um dia quase igual a todos - ledusha ).