assistindo maysa. é preciso dizer que alguns sons, algumas pessoas fazem parte da memória da gente. daquelas que ficam ali guardadas em caixas no quarto da bagunça que cada um de nós tem. maysa é uma delas. minha mãe escutava muito maysa. de todas as canções que eu mais me lembro é ne me quite pas. por favor não me corrijam mas não há ninguém no planeta que tenha cantado essa canção de uma forma mais linda que ela, maysa. lembro dos olhos e da voz de trovão. eu era pequena e sentia medo dela. aquele medo que te afasta mas te traz uma atração infinda. talvez seja o medo que algumas verdades trazem junto de si. sei lá. sei que apesar do sono, da vista machucada por causa da lente de contato, enquanto somente um dos meus olhos chorava, assisti a maysa. primeiro capítulo. nada aconteceu. apesar da semelhança incrível da larissa maciel. ontem bati ponto novamente. não se desiste de maysa assim. os sentimentos foram vindo assim, lentamente. meu marido falando que mulher descontrolada e que mãe é essa. eu ali muda. mu-da. porque maysa meche no reino intocável e puro da maternidade. não há como não se perguntar. o que é ser mãe afinal? será que todo ser humano do sexo feminino em perfeito estado de saúde nasceu realmente para ser mãe? ser mãe é obrigação? ser mãe é talento? o que é ser mãe afinal? o que é a maternidade? vai vendo... assistir a maysa e assistir a sua história ser contada assim tão claramente meche com vários pontos. maternidade. machismo. as vontades das mulheres. seremos nós, mulheres tão livres assim? eu não sei. só sei que toda e qualquer mulher que tente colocar o pezinho um pouco mais a esquerda da linha amarela do bom comportamento feminino corre o risco de ser banida. e, uma vez banida, nunca mais o bando te acolherá novamente. a muitas de nós resta a solidão. tão grande como os olhos de maysa.