segunda-feira, janeiro 26, 2009

estou quase nos 46. o problema é que não há nada dentro de mim que consiga convencer a minha alma de que eu não tenho mais 22. algo como peter pan. que perdeu a sombra. minha sombra descolou de mim e foi embora. eu fiquei lá. deve ser por isso que quando me olho no espelho não sei quem é aquela que está colada no meu reflexo. não me conformo com os óculos para vista cansada. se não estou cansada de olhar as coisas que surgem pra mim. assim como não me conformo com os pêlos pubianos grisalhos e ridículos, como se já não fosse absurda a cabeleira branca que teima em se plantar na minha cabeça. eu penso sobre o tempo o tempo todo. e não me conformo de não saber para onde vai o minuto que acabou de passar. puff. estou quase nos 46. fazendo planos para os 85 quando finalmente minha alma terá 46. who wants to live forever? uma das minhas músicas prediletas. ever.


sexta-feira, janeiro 23, 2009


quarta-feira, janeiro 21, 2009

quando estou perdida é ele quem escuto. logo encontro o caminho de volta.


a tristeza vem assim. sempre assim. agasalhada em casaco de tricô branco, muito branco. deve ser friorenta. quando chega me envolve com os braços. abraçada a mim, fica. sorte a minha que ela não fala. só respira. seu hálito quente. a tristeza é lenta.

eu queria que alguém me dissesse porquê? porque que a vida tem essas coisas assim, tão tristes.

chove.


assim eu estou. irritada há tantos dias que perdi a conta. coração muito, muito acelerado e ritmo lá pra cima. queria me acalmar. tranquilidade e ar nos pulmões. mas não tenho conseguido. pra completar o horário é de verão e me cansa demais esse troço d'eu olhar pro relógio e ser 7:30 da noite e o sol lá fora. e eu desejando a noite desesperadamente. outro dia fiquei escutando sting pedindo bring on the night e nada dela chegar. o sono também foi embora. talvez seja inferno astral. mas eu sei bem o que é.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

" sugar can cure everythimg, so kindness says.
sugar is necessary fluid. "
kindness, sylvia plath - 1 de fevereiro de 1963.

sábado, janeiro 10, 2009

( by antufev )

das perguntas sem resposta II: se alguém puxa as cordas aonde estão que não as vejo? quantas mãos tem quem as puxa?

( by sandra freij )

sexta-feira, janeiro 09, 2009

das perguntas sem resposta. se o mundo gira porque eu não caio dele?

( by slowernet ).

coca-cola lisérgica. anúncio em horário nobre. eu quero uma garrafinha daquelas. lucy in the sky with diamonds para uma vida boring.

maysa. havia algo de estranho nos diálogos. sei lá. pareciam engessados. as palavras estavam duras. tensas. mas depois que bôscoli entrou em cena a coisa mudou. desenrola seu manuel. agora, tem gente querendo colocar maysa e amy whinehouse lado a lado. socorro. maysa é diva e amy ainda é divinha. uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

madrugada. minha maior inimiga atual.

assistindo maysa. é preciso dizer que alguns sons, algumas pessoas fazem parte da memória da gente. daquelas que ficam ali guardadas em caixas no quarto da bagunça que cada um de nós tem. maysa é uma delas. minha mãe escutava muito maysa. de todas as canções que eu mais me lembro é ne me quite pas. por favor não me corrijam mas não há ninguém no planeta que tenha cantado essa canção de uma forma mais linda que ela, maysa. lembro dos olhos e da voz de trovão. eu era pequena e sentia medo dela. aquele medo que te afasta mas te traz uma atração infinda. talvez seja o medo que algumas verdades trazem junto de si. sei lá. sei que apesar do sono, da vista machucada por causa da lente de contato, enquanto somente um dos meus olhos chorava, assisti a maysa. primeiro capítulo. nada aconteceu. apesar da semelhança incrível da larissa maciel. ontem bati ponto novamente. não se desiste de maysa assim. os sentimentos foram vindo assim, lentamente. meu marido falando que mulher descontrolada e que mãe é essa. eu ali muda. mu-da. porque maysa meche no reino intocável e puro da maternidade. não há como não se perguntar. o que é ser mãe afinal? será que todo ser humano do sexo feminino em perfeito estado de saúde nasceu realmente para ser mãe? ser mãe é obrigação? ser mãe é talento? o que é ser mãe afinal? o que é a maternidade? vai vendo... assistir a maysa e assistir a sua história ser contada assim tão claramente meche com vários pontos. maternidade. machismo. as vontades das mulheres. seremos nós, mulheres tão livres assim? eu não sei. só sei que toda e qualquer mulher que tente colocar o pezinho um pouco mais a esquerda da linha amarela do bom comportamento feminino corre o risco de ser banida. e, uma vez banida, nunca mais o bando te acolherá novamente. a muitas de nós resta a solidão. tão grande como os olhos de maysa.

maysa monjardim: “Eu estou um pouco cansada de ser taxada de agressiva. Eu sou uma pessoa viva, vibrante, participante na vida, e a vida é feita de circunstâncias, portanto não é questão de adaptar-se e seguir a vida. Dou sempre tons aos momentos que fazem a vida. Repito, sou um ser humano violentamente vivo. Se isso se chama agressividade, viva a agressividade”. (trecho de entrevista)

" o melhor era mesmo calar "
clarice lispector, perto do coração selvagem, pág.16.

clarice. nas minhas andanças sem rumo por aqui cheguei em projecto clarice. o projeto de uma portuguesa estudante de letras chamada patricia. um projeto lindo e extremamaente criativo. para quem tem os olhos e o coração abertos para clarice um porto lindo aonde chegar.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

assim como a terra do nunca não existe a terra prometida também não.

minha filha pulava corda com o arco-íris dias atrás. era quase ano novo. quando já era ano novo e todos gritavam, riam, bebiam demais, sempre demais porque o humano é assim excessivo sempre. eu imaginei por uma fração de segundos o outro lado do mundo. quando crianças e suas mães estavam sendo bombardeadas, assustadas, aterrorizadas e mortas em excesso porque você sabe, é aquela coisa o humano é excessivo. sendo assim, dane-se o outro. o meu primeiro. sempre. entra ano sai ano é essa mesma canção antiga e triste. enquanto minha filha pula corda e eu observo dando graças aos céus uma outra filha de uma outra mãe é carregada no morto no colo enquanto a mãe a observa desgraçando os céus e perguntando até quando?

Balanço Janeiro 5, 2009 by José Saramago
"Valeu a pena? Valeram a pena estes comentários, estas opiniões, estas críticas? Ficou o mundo melhor que antes? E eu, como fiquei? Isso esperava? Satisfeito com o trabalho? Responder “sim” a todas estas perguntas, ou a mesmo só a alguma delas, seria a demonstração clara de uma cegueira mental sem desculpa. E responder com um “não” sem excepções, que poderia ser? Excesso de modéstia? De resignação? Ou apenas a consciência de que qualquer obra humana não passa de uma pálida sombra da obra antes sonhada. Conta-se que Miguel Ângelo, quando terminou o Moisés que se encontra em Roma, na igreja de San Pietro in Vincoli, deu uma martelada no joelho da estátua e gritou: “Fala!” Não será preciso dizer que Moisés não falou. Moisés nunca fala. Também o que neste lugar se escreveu ao longo dos últimos meses não contém mais palavras nem mais eloquentes que as que puderam ser escritas, precisamente essas a quem o autor gostaria de pedir, apenas murmurando, “Falem, por favor, digam-me o que são, para que serviram, se para algo foi”. Calam, não respondem. Que fazer, então? Interrogar as palavras é o destino de quem escreve. Um artigo? Uma crónica? Um livro? Pois seja, já sabemos que Moisés não responderá."
Publicado em O Caderno de Saramago.

menina em gaza. foto de ismail zaydah, reuters.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

ontem depois dos fogos e de todo um dia de invasões mil, quando voltamos para casa senti um alívio imenso. como se tivesse me livrado de uma obrigação. o ser humano fala demais grita demais faz barulho demais. graças a deus já passou. o amanhã é mais um dia.

somewhere over the rainbow ... em 2009 encontraremos todos lá no final do arco-íris o nosso pote com ouro e com tudo aquilo que o dinheiro não pode comprar. e finalmente nos sentiremos como a minha pequena pietra. livres e felizes. feliz ano novo. de novo.