quinta-feira, novembro 22, 2007




este é tom. tom cat. my cat. quem sabe de mim conhece nossa estória. esbarramos um no outro na esquina da minha antiga casa. ele era pequeno. muito pequeno. e magro. e tudo mais. coloquei ele no carro e levei pra casa. isto era setembro de 2005. daí pra frente nos tornamos amigos. muito amigos. sabe como é? ele cresceu. e passava horas na janela olhando para o jardim. horas na janela. durante o dia durante a noite. um belo dia ele sumiu. sumiu. sumiu um dia inteiro. fui para a rua e gritei por ele. então tá. os gatos não são como cachorros ou gentes. gatos são gatos. seres totalmente à parte neste mundo de meu deus. tá. ele voltou no dia seguinte. miando e miando. eu cismava que, quando ele fazia isso estava me chamando. então ele pulava na escrivaninha se arrumava entre o monitor e a impressora e dormia enquanto eu escrevia lia sei lá mais o quê. tom saía todos os dias. aprendeu a dar a volta no quarteirão. então, muitas vezes entrava pela porta da frente. pois é. ele sentava na frente da porta e miava até eu abrir. tom cat.
nos meus dias de angústia, pode ser doideira da minha cabeça, ele não saía de casa. ficava ali. deitado num cantinho perto da escada. chegava perto de mim, roçava a cabeça na minha mão e voltava para seu posto. então, no dia seguinte voltava para a rua. ia e vinha. absolutamente livre. quando chegávamos de carro e eu abria o portão lá vinha ele miandomiando miando e entrava em casa comigo. tom cat. foi então que nos mudamos. de uma casa para um apartamento. coloquei meus gatos naquelas caixas que carregam gatos para cima e para baixo. e lá veio tom cat para o apartamento. nas janelas e nas varandas, redes. temos crianças em casa. era o início do martírio de tom cat. então ele fez número 1 e número 2 pela casa toda. esperei. achava que ele estava estressado com a mudança. passaram-se os dias. tom cat fez pipi bem no meu pé. fez pipi e sentou ao meu lado. ok. andava pela casa. passava horas na mesma posição olhando para a rua. miava miava miava. triste. tom cat triste. poor tom cat. houve então aquele dia em que ele me seguia pela casa toda miando e miando. poor tom cat. sentei no sofá. ele sentou na mesinha bem a minha frente. olhar fixo. eu lembrei de uma música do paul mc cartney ... when you're young and your heart is an open book you used to say live and let live... e fiquei triste. poor alba regina. percebi que a alegria do meu tom cat estava nas minhas mãos. gatos. não são seres humanos. a cat is a cat is a cat. ok. peguei a caixa para gatos e o coloquei dentro. voltei à rua aonde morava. desci do carro e coloquei a caixa no chão. abri a portinhola. ele saiu. lentamente. lentamente. aumentou a passada e foi. nem olhou para trás. ele foi. tom cat. o único. tom cat. você compreende que eu não tinha o direito de ir contra a natureza dele? não. eu não podia. tom cat é o gato. os gatos são livres. liberdade para os gatos. salve tom! ( porque enquanto ele sofria aqui trancado no apartamento lembrei de mim e do meu desejo de ser livre ).