" eram dias parados, aqueles. por mais que se movimentasse em gestos cotidianos - acordar, comer, caminhar, dormir -, dentro dele algo permanecia imóvel. como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos, olhos fixos na distância. ausentou-se, diriam ao vê-lo, se o vissem. e não seria verdade. nesses dias, estava presente como nunca, tão pleno e perto que estava dentro do que chamaria - tivesse palavras, mas não as tinha ou não queria tê-las - vaga e precisamente de: a grande falta.
( em: morangos mofados, transformações ( uma fábula) - caio fernando abreu ).
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