mãe é uma coisa. complicada. querida. odiada. desejada. mãe é tudo. não tenho mais minha mãe. ela morreu. se mandou. desistiu. mandou tudo às favas. ela me deixava doida. maluca mesmo. tinha horas que eu desejava com todas as minhas forças que ela sumisse. desaparecesse. ficasse muda. era difícil. porque ela era psicótica maníaca depressiva. parece nome de banda de rock n' roll. mas na verdade é punk. sem glitter. difícil pra caramba. muito mais para ela do que pra mim. ela subia e descia e me arrastava com ela. ups and downs. porém uma coisa é inquestionável. ela me amava. assim. a-ma-va. sabe como é? tipo eu morro no seu lugar se for preciso. te dou meu coração e tudo mais que houver nesta vida. eu, burra cega ignorante não sabia o que era isso. até hoje. até agora. estou falando tudo isso porque ele acabou de dizer que eu preciso me tratar pra não ficar igual a minha mãe. mal sabe ele. que eu já me tratei. não me trato mais como deveria. em muitos aspectos. do cabelereiro à alma eu não me trato como deveria. quando deito na cama à noite ou quando consigo finalmente chegar ao silêncio listo todas as coisas que eu deveria fazer. sei o caminho que me levaria à minha tranquilidade. existem pessoas que ocupam todos os espaços. e consideram isto natural. eu desejo ocupar apenas o meu espaço. o meu espaço. aquele que é meu por direito. olha aqui, estou perdida.
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