s.p.p.b.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Estou aqui sozinha em frente a esta tela. antes eram folhas de papel agora, uma tela. não importa, na verdade o desafio é sempre o mesmo escrever sem parecer ridícula.
Estou com alguns livros do meu pai nas mãos; impressionante, cada vez que os toco, passo suas páginas e sinto meu pai próximo de mim. Estranhamente muito mais próximo do que quando ainda estava vivo.
São páginas sobre Tom Jobim; meu pai e eu o amamos. Como não amar Tom Jobim?
Com aquele sorriso, aquele olhar de quem estava sempre mais lá do que aqui. Um passarinho.
Meu pai e eu amamos passarinhos...meu jardim está repleto deles; há um em especial : Chicão - um Bem-Te-Vi lindo, majestoso que avisa sempre quando chega e eu respondo: bem te vi. Lindo, amarelo e preto tão bem colorido como figuras para colorir.
Lápis de Cor. Meu pai e eu amamos lápis de cor, papelarias. manhãs de sábado. dia de irmos à papelaria. Ele me enchia de caixa de lápis de cor, álbuns para colorir, folhas em branco...sábado era feito para colorir e sentir o cheiro dos lápis de cor novinhos! Perfume.
Meu pai e eu amamos perfume. Cheiros. Cheiro da loção pós barba Acqua Velva azul, alfazema verde...e agora, no fundo do armário, o frasco vazio de perfume com um restinho. para não cair no esquecimento incolor...
Sim, lembranças são incolores, inodoras...invisíveis.
Lembranças, Saudade, Vida.

'" E NO FIM ERA SÓ TESTAMENTO." Tom Jobim.