castigo

quinta-feira, setembro 22, 2005

estou de castigo. eu sei que estou de castigo. ninguém me disse: fique aí sentada e só levante quando eu mandar; mas eu sei que estou de castigo.
foram anos fingindo ser quem eu não era, fingindo não ter nenhum tipo de dom.
dons são presentes. você não recebe um presente e simplesmente finge que não o recebeu. se o fizer é muito mal educada.
mal educada eu não sou. sou impulsiva, explosiva, emotiva...sou várias ivas ao mesmo tempo.
mas fingi. fingi e me dei mal. o ônibus passou e eu não peguei. estou chegando atrasada a um encontro que foi marcado há muito tempo atrás. agora estou eu aqui tomando chá de cadeira,
correndo atrás e me sentindo atrasada, defasada, ultrapassada.
as palavras, as frases já não escorrem pelos meus dedos como antes. cada uma delas sai de mim dolorosamente. já não há mais o mesmo gozo de antes. agora é somente dor.
nada está bom. nada chega perto daquilo que saía da minha velha máquina olivetti de escrever.
a modernidade chegou e estou atrasada, defasada, ultrapassada, enferrujada.
nem óleo singer resolve meu problema agora.
escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever
até sair do castigo.