dormir no rio. uma das marcas da década de 70. vip's motel. agora vip's suites. suite com vista total para o mar. avenida niemeyer lá embaixo. varanda. piscina azul mediterrâneo. calor. céu azul marinho. estrelas estrelas estrelas. a vida é louca. porque motel é sinônimo de sexo. sexo.
mas não houve sexo. houve tanto silêncio e repouso e tudo mais diante daquele infinito que parece finito que é o oceano atlântico visto dali. sei lá. foi tão bom. dormir ali naquele frio canadense. cobertor peludo tudo mais. sono profundo. fundo. tanto que nem me lembro mais. acordar ás sete da manhã. abrir o black-out e dar de cara com aquele mar estrelado. o sol brilhando forte na minha cara. manhã manhã no rio de janeiro. ai. café da manhã. sentada. respirando com toda a calma de quem tem todo tempo do mundo. ao lado emily dickinson e abro o livrinho assim sem jeito: "examinar, reverente, uma caixa de ébano /depois de passados os anos;/ remover o aveludado pó ali deixado pelos verões ... " conclusão triste: jamais escreverei sobre as manhãs como esta dama. deus me salve. mas era bom estar ali. café com leite pão com manteiga suco de laranja ovos mechidos e presunto. o silêncio. banho. cheiro de lavanda. pasta de dentes. dentes. dentes lisos. manhã linda. e eu não fotografei.