esta era a visão que tinha da janela do meu quarto no leme. dos meus quase quarenta e três anos, trinta e nove foram vividos lá. quanta vida eu vivi ali. quanta música eu escutei, quantos programas na tv eu assisti, quantos livros eu li, quantas conversas ao telefone, quantos amigos passaram tardes e noites ali, conversando, sonhando, quantas madrugadas eu passei escrevendo na minha smith-corona...à noite deitada na cama, adorava olhar o teto e ficar assistindo ao reflexo dos faróis como num cinema de sombras; pela manhã, os raios de sol entravam através das frestas da persiana, o carro chato da pamonha, o barulho do caminhão de lixo, a buzina do carro da minha mãe avisando que estava chegando em casa...nesta rua, a gustavo sampaio, toda a minha turma se reunia a noite pra conversarmos, decidirmos qual seria o programa...era o nosso quintal. estávamos seguros, protegidos. crescemos ali e todos, dos porteiros ao farmacêutico nos conheciam pelo nome. cresci feliz ali. na frente da minha casa, a praia do leme aonde passava todas as minhas manhãs e o calçadão...nos fundos, o meu quintal a rua gustavo sampaio...se esta rua se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas com pedrinhas de brilhantes...
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