sair de casa é caso para camisa de força. só doido vai para a rua assim numa boa. tipo vou ali dar uma voltinha. está um calor da porra. como já diria meu tio do recife. eu fui pra rua. o sol bate tipo dando um tapa nas costas. me sinto sem escudo de proteção. advogado cartório banco supermercado farmácia gente carregando fantasias gigantescas. carnaval. não estou nem aí. maior piada eu ter nascido em fevereiro. credo que comparação mais nada a ver. peguei um táxi. ar condicionado nem pensar. jungle total. motorista mudo. graças a deus. entra na minha rua. duas crianças caminham pela rua bem coladinhas ao meio fio. não percebem o carro porque estão de costas. o motorista acelera e parte pra cima delas. freia em cima. sou jogada de cara no encosto do banco da frente. dei um grito. o motorista pára o carro morrendo de rir. juro por deus que por um minuto fiquei assim congelada no tempo tentando compreender o que havia acontecido. saí do carro falando tudo. xingando ele mesmo. joguei o dinheiro da corrida no chão. nem pensei que ele poderia partir para cima de mim. estou de saco cheio de psicopatas. e se ele não tivesse conseguido frear? e se as crianças tivessem corrido justamente na direção do carro? o que leva uma pessoa a acreditar que aquilo era uma brincadeira? e, enquanto eu abria o portão o motorista ria e pedia: desculpa aí madame foi mal. não eu não desculpo não. não eu não sou madame. não. alba regina - uma mulher sem paciência.
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