dia destes me sentia aborrecida. chateada. cansada. de tudo mesmo. dos dias iguais. das horas previsíveis. assim estava aborrecida. enquanto lavava os pratos pela enésima vez gritava comigo mesma sem que ninguém escutasse. as escolhas. porque fiz determinadas escolhas. será que tenho tempo de fazer novas escolhas. e... e... e... aquele dia passou. tudo passa. ontem, mergulhada no diário de sylvia cheguei a página 137. e me deparei com o que vou copiar agora. o desabafo de uma grande mulher aos dezoito anos:
" terça- feira, 18 de novembro: a gente é crucificada pelas próprias limitações. suas escolhas cegas não podem ser mudadas; tornam-se irrevogáveis. você teve suas chances; não soube aproveitá-las. chafurda no pecado original; suas limitações. ... pela frente há uma série imensa de becos sem saída. está meio-resolvida, meio-desesperada, perdendo o poder sobre a vida criativa. está se tornando uma máquina neutra. ... cada pensamento é um demônio, um inferno - se pudesse fazer tantas coisas novamente, ah, como faria tudo de modo diferente! quer ir pra casa, retornar ao útero. ... " ( sylvia plath ).
assim li e reli. várias vezes. fechei o livro. não havia nada mais para ler. só pensava em como a vida pode ser. alguém escrever seus sentimentos em um novembro de1950 que atingirá alguém de forma tão...tão...enfim, cinquenta e seis anos depois. aí estão meus sentimentos by mrs. sylvia plath.
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