ando com uma insônia daquelas. tipo vou deitar às onze e tal e lá pela uma e meia da manhã acordo como se já tivesse amanhecido. e ainda é noite. todo mundo dorme. eu lá acordada tentando encontrar um jeito de dormir. na hora do almoço ela me liga e grita pra eu atender na
secretária ( uma das maiores invenções do homem: secretária eletrônica ) aí corro e atendo. esta minha amiga totalmente doida e totalmente certinha ao mesmo tempo. me chama para ir à igreja messiânica com ela, receber o jorei. eu vou é claro porque tudo que joga pra cima é aceito.
interfone toca entro no carro. prancha de surf, mulher de uns quarenta e tantos, mãe de filha adolescente, filha de milico me ordena: coloca este cinto já. hilária esta minha amiga. chegamos no igreja e ela me leva ao ministro. um japonês. de verdade. direto do japão para cabo frio. falando fluente o português. o tal ministro é um caso à parte porque diante dele eu percebi como nós somos absolutamente, totalmente diferentes dos orientais. e me bateu aquela inveja branca.
ele me pergunta no que pode ajudar, eu falo da minha insônia e dos meus sonhos coisa e tal. ele me explica que nós estamos diretamente ligados a todos os nossos antepassados que já se foram. e não são somente pai, mãe, avós, avôs, bisas não. estamos eternamente ligados a todos, todos os nossos antepassados e que, quando somos vinte quatro horas felizes aqui eles são lá e vice-versa. não gostei nada disto. que coisa. como assim a minha felicidade está ligada a eles? se eles ficam felizes eu fico feliz, se eles ficam infelizes eu fico também? que isso...sei que fiz cara de ah! não. não me venha com esta senhor ministro. foi então que ele emendou a conversa dizendo que sim, há uma forma de libertação desta dependência, se é que este é o nome. receber o jorei como doses homeopáticas, duas três vezes por semana. assim, muita coisa irá melhorar na minha vida. mandou que eu pegasse uma cadeira e sentasse na frente dele. me posicionei e ele começou o jorei. que nada mais é que um passe como no espiritismo. enfim, rodamos rodamos e sempre caímos na mesma coisa. quinze minutos. fim. ele pergunta se senti alguma coisa. não. nunca sinto nada. conheço pessoas que descrevem as mais incríveis sensações. ok sou um freezer brastemp.
mas senti sono. afinal. me despedi do sr. ministro. entrei no carro com ela. tá melhor? ela me perguntou esperando, coitada um sim tipo eu encontrei a luz. disse sim, que estava morta de sono. ela sorriu tão alegre. disse que a filha estava com catapora, parou o carro na esquina da escola e perguntou se ali era legal pra mim. claro que era. foi embora. feliz da vida. eu também pelo menos agora estou com sono. muito sono. foi o jorei.
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