verborrágica

quinta-feira, dezembro 08, 2005

i'm fuckin' tired. quando escrevo em inglês, não me sinto culpada por me sentir assim. é meio esquizóide eu sei mas é assim que me sinto. sempre tive uma dificuldade incrível em dizer não. as entrelinhas desta dificuldade todos conhecem muito bem. pessoas que possuem esta dificuldade como eu, sabem que, no final somos muito machucadas, prejudicadas. simplesmente porque os seres humanos são seres complicados e, quando convivem com pessoas como eu simplesmente se acostumam aos sins e passam a não saber ouvir não como resposta. e quando nós começamos a querer nos libertar desta escravidão que criamos, somos mal interpretadas e as chantagens começam. dizer sim é uma obrigação que assumi. não concordo. não quero mais isso pra mim. quero dizer não e não me sentir culpada. period.
acredite, ex-mulher é pra sempre. e olha que nem é minha!
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eu sei, é um defeito, uma má formação de caráter sei lá! mas eu simplesmente não consigo esquecer os males e as dores que me causam. não sou do tipo que leva um tapa na cara e dá o outro lado. eu sei faz mal pra minha saúde e principalmente pra minha alma mas este um problema que realmente não consigo solucionar.
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aqui estou eu, verborrágica as always.
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existem coisas que ou você tem ou não. eu tenho educação. eu tenho humildade. minha mãe me ensinou as palavras mágicas: por favor, muito obrigada, com licença. e ensinou acima de tudo que ser humilde não é ser capacho de ninguém. ser humilde é ter acima de tudo a consciência dos seus limites. ser humilde é ter uma visão externa de você mesma e saber reconhecer a hora de parar, de pedir desculpas e reconhecer de coração aberto que ninguém, absolutamente ninguém tem a obrigação ou dever de ajudar você. e como já diria minha mãe, por favor e obrigada é bom e todo mundo gosta!
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me diga uma coisa, em certas ocasiões existe coisa melhor que mandar alguém : Vá T.........?!
bem alto de preferência!
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não sei porque, mas agora me veio à memória uma coisa que aconteceu comigo a uns 20 anos, sei lá! morei a vida inteira no leme e sendo assim ia à praia no leme. meus amigos de infância estão quase todos lá e havia um que era muito querido e especial. meu amigo mario.
meu amigo mario se descobriu gay muito cedo e foi um dos primeiros a sair do armário, com muita coragem. meu amigo mario era aquele tipo de gay que não se escondia, quem não gostasse que atravessasse a calçada. eu amava ele. um dia voltando pra casa ( éramos vizinhos ), passamos em frente a uns botequins. no momento em que ele visualizou a porta dos botequins me disse: vamos ter problema! disse pra ele deixar de ser paranóico. dito e feito! tivemos problemas. um "amigo" meu, modelo macho GI Joe, se dirigiu a mim assim: quem diria você albinha, andando na rua do lado de uma bichinha destas! mario apertou minha mão com força.
demos uns dez passos à frente, me deu um troço, dei meia volta, estava com uma daquelas bolsas de praia enormes..."amigo" machinho estava de costas, cheguei perto, bem perto mesmo e enfiei a bolsa com toda a minha força na cabeça dele!
e gritei pra todos aqueles machos, bebâdos fedidos ouvirem: vergonha tenho eu de conhecer um merda como você! nunca mais se dirija a mim! silêncio nos botequins da rua gustavo sampaio.
dei a mão pro meu amigo e fomos embora. alguns anos mais tarde, fui mãe solteira, todos os olhares e pré-conceitos se viraram pra mim. meu amigo andava de mãos dadas comigo. e todos que não nos conheciam achavam que ele era o pai. antes fosse! meu amigo querido já não está mais aqui. a peste o levou. mas agora compreendo porque me lembrei deste episódio. vai ver ele esteve por aqui e me disse sussurrando: levanta daí amiga! desde quando você foi mulher de ficar sentada, parada?! saudades meu querido! saudades!
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vou lavar minha alma e volto mais tarde.